sábado, 12 de abril de 2014

Não fui ao mar para te pedir que me contes os meus sonhos, largados na areia em estilhaços de vidro.
Fui para lavar os meus desejos ocultos de te ter, e sem querer cuspiste-lhes mais uma onda para os afogar. Fui sem volta na revolta de querer sair, e aos passos pequenos decidi que não viria de novo para te ver, se é que sei ver na cegueira de castigos incultos que me prometo. O que foi descansado de grãos de areia remotos chega ao céu já sem sal, e todo o seu mal inunda o mar aonde fui para lavar os despojos de quereres irretribuíveis.
Subi as dunas, sequei os pés, e tudo o que foi sentimento está agora rés-bés ao chão que piso. E piso até arrebatar a pedra da calçada que o constrói de fora e me pesa, porque pesa. Ficam as culturas sem sustento e os poemas sem momento e os olhares já se evitam. Não perguntei porquê, levantei-me do chão, e andei de volta ao mar, onde não fui para que me contes os meus sonhos.

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