domingo, 22 de dezembro de 2013

Deslizas a tua fina figura,
Monstro de alguns torturas minha vista,
Pois se de amor se trata, algo se avista:
Tristeza glamorosa me procura.
Largas os passos como bamboleios
Por alto seres, o mundo todo observas
O que tu vês do mundo: devaneios
Canções que amor embalam, te preservas.

sábado, 26 de outubro de 2013

Nunca em mim.
O que finges saber
Não serve de calço
Ao teu tormento.
O que sabes é menos,
E o que dizes
São apenas
Suspiros plenos.
Nunca te perdeste,
Inventas os caminhos que pisas,
Gritando que os sabes decor.
Nunca em mim.

Podia ir mais longe,
Mas retribuir loucuras
Nunca foi o meu forte.

As recordações são mais puras
Que o que fica de cada morte.
Nunca em mim
Ficarás eterno além
Dos segundos
E se não entregas o teu bem,
Não serão juntos
Nossos mundos
Nunca em mim.
Ficar na música, um dia,
Onde te deixaste.
Elevas-me de onde o tempo me fugia,
Nada em mim guardaste.
Um passo, só te peço um passo.
Num segundo me desfaço em poesia,
E, de ti, só tenho um mundo
Que largaste em mim
Para veres se se partia.

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Na morte o que é sentir, pergunta o vento.
O vento vive em prol do seu tormento,
Tal como eu, ao invés de tudo,
Fica a loucura de um grito mudo
De silêncio.

A alma faz-se tocada pelo vazio
E o corpo partilhado, razio ao extremo da loucura
E assim se mentem,
Inventados de razão,
E assim se leva a paixão,
Pergunta o vento,
Tal como eu, ao invés de tudo:
Invisto o meu corpo inventado
Nessas mãos.
Fica a loucura de um grito mudo
De silêncio.
Estagnado no momento
Em que a alma se faz tocada pelo vazio.

domingo, 6 de outubro de 2013

És quimera.
E pisas o teu mundo
Quase no fundo
Da vontade
De quem não quer.


Fazes esse mundo
Escrito nas palavras
De quem não sabe escrever.
E sonhas na ansiedade
De o viver acordado

Agarrado à verdade
De quem não quer saber.


Fazes-te desconhecido de ti mesmo,
Faze-lo somente por fazer.
Conhecer cada recanto do que sonhas,
Na ansiedade de o fazeres acordado,
É só o que te deixa viver.

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Cada vez mais longe de nós
Perde-se o rumo como a rima,
E o que sinto subestima
O coração.
Palavras vãs o medo assina
Com a coragem de saber que não te tem,
Sentes tu, o medo trepa sobre ti acima,
Mais do que o que a esperança tem, sente-te bem.

Onde ficas? ...
O que dizes que não queres
Está cada vez mais longe de nós.
Perdes a estrada,
E eu sem o caminho para te ver.
No mundo és tu e eu mais sós
E a rima que se assina sem se ler.

quinta-feira, 4 de julho de 2013

Que se faria sentir, disse-me.

Que se faria sentir o vento,
Disse-me o corpo,
Se a pele não se tapasse ao seu relento.
Que se faria sentir a noite
Sem mais nada ao seu calor,
Se não se fechassem os olhos
À cegueira do seu amor.
Que se faria sentir
Sem mais nada
A madrugada.

Que se faria sentir o tempo
Se mais nada se contasse
As histórias ao invés do seu tormento
E o momento à espera
Que o tempo se arregace.
Que se faria sentir
Sem mais nada
O desespero,
E o que fica dele
É o que já não sei.
Nem sequer sei se amei,
Já não o espero.

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Hoje nem à Lua devo promessas.
E o amor por que rezo
São apenas palavras
Que quero escrever
Porque as não prezo.
Que quero sentir, não.
Não sei sentir.
Hoje nem a ti, nem a ninguém,
Hoje nem à Lua
Devo promessas.
Que são esses os vestígios
Dessas que tens e não tens,
Dessas palavras que evocas,
Sem sentidos nos sentires,
Que te sentes sem te vires,
Nas obscenas palavras
Que prometes a ti mesmo,
Que nem à Lua deves.
E hoje sou eu,
Que nem à Lua devo promessas.
Nem o que é meu do que foi teu,
Ou o invés.
Ou o invés do que tu és
Que te prometes em palavras
Inspirações, mágoas,
Que nem à Lua deves.
Nem o que é teu do que foi meu
Ou o invés.
No nada é Lua Nova,
Que te pede amor sem prova,
Mas que como eu, no teu céu,
Ou tu, quem sabe, no meu,
Ninguém merece promessas.
Ninguém merece palavras,
Inspirações ou mágoas.

segunda-feira, 8 de abril de 2013

Uso as palavras para calar vozes
E, imperfeitamente, deslocar sentidos à razão.
É sem querer que piso onde não podes
Pisar sequer sem querer tu o meu chão.

Fico-me onde o sono é mais feroz,
Onde no sonho encontro o meu desfecho,
Chamo por esse nome já sem voz
E quando por fim vem, dele me desleixo.

quinta-feira, 28 de março de 2013

Tocas o insossego sem razão,
Fazes-lhe medo.
Perdes o silêncio no segundo
Em que não seguras a minha voz
Com os teus lábios.
Faz os meus segredos sábios.

domingo, 3 de fevereiro de 2013

Nada me tens.
Nada mais do que um olhar entre quimeras.
Vicias fantasias que recolhes para viver.
Sabes-te menos, sens saberes.
E sem saberes, mesmo assim te veneras.
Nada me tens, meu amor.
Nem o que resta dessa esperança que me olhes.
Vicias fantasias sem saberes o que é viver,
Talvez não serei eu esposa do saber,
Mas mesmo assim, te proliferas.

E já cansada de tudo o que é dizer
Arrisco-me a ficar entre o silêncio que não olhes
E a minha lembrança do prazer,
Pois já de não saber de onde vens,
Ou sequer para onde vais, se não te colhes,
Apenas sei viver que não me tens.
Nada me tens.

sábado, 26 de janeiro de 2013

Fecho os olhos
Para não me veres.
Chama-me a loucura
À razão de não me quereres, vento.

E eu fujo com mais força,
Finjo com mais força,
Mas não fico.
Fico onde não sopras,
Ó vento,
Nessa última recordação
Que não guardo
Do teu carinho.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Vais soluçar na água que te lava
No teu banho de socalcos desenhados,
Só para saberes o que o amor crava,
Nos teus pés ainda descalços.

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Escrevo uma ode ao tempo
Que não me afagou,
E ao frio do relento
Que não me aconchegou.
Peço-lhe esperança
Para não dizer
Que o que fica do tempo
Não sabe viver.
Escrevo uma ode à água
Que não se lavou
Por toda a mágoa
Que em mim deixou,
Que não se fique
Sem transtorno,
Que ao volver
Em mim me torno,
E essa ode que escrevo
Ao tempo,
Lava-a a água
Sem tormento.