Escrevo uma ode ao tempo
Que não me afagou,
E ao frio do relento
Que não me aconchegou.
Peço-lhe esperança
Para não dizer
Que o que fica do tempo
Não sabe viver.
Escrevo uma ode à água
Que não se lavou
Por toda a mágoa
Que em mim deixou,
Que não se fique
Sem transtorno,
Que ao volver
Em mim me torno,
E essa ode que escrevo
Ao tempo,
Lava-a a água
Sem tormento.
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