quarta-feira, 30 de setembro de 2009




Estou tentada a me encostar de novo ao céu...

terça-feira, 29 de setembro de 2009




O Outono sabe a Primavera
Quando não mo roubas, com palavras.
E sentir que escrevo sem sentido
No sentido que me sigo em ter-te amigo,
Não tem cor, já me está gasta,
Em alvoradas.

Responder ao que é ambíguo: o teu desejo,
É sentir o medo do despejo,
É perder quando me dizes ser-te amada.
E se escrevo, no final, palavras soltas,
Não são mais que aquelas que em mim beijo,
E que não são, quando posso, em ti faladas.

É na confusão das letras que me inspiro,
Por saber que não é nelas que respiro,
Mas saber que tu me sentes em palavras,
É tirar a este Outono a Primavera,
É fazer nascer em mim tamanha fera,
É saber que à minha espera cova cavas.

Não sou mais que poetisa de mim mesma,
Por escrever o que me entendo sem ter cisma,
Ou esperar, de ti, ter mais do que me falas.
Mas o tempo são estações que se misturam,
É o Verão na Primavera do Outono
Que no Inverno das palavras que me furam,
Acumula sentimentos que me embalam...

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Vou deixar de beber vinho e comer uvas,
Vou deixar de sentir tudo o que se sente,
Vou deixar de sair cedo para as estrelas,
E fazer do meu nascente, o ocidente.

Vou deixar de ouvir dizeres-me que me amas,
Para deixar de ter sede em tal fartura.
Vou esquecer-me do sabor que em mim deixaste,
Do salgado do suor que em mim perdura...

Não, vou dizer que não és mais que uma palavra,
Mesmo que palavra n'haja pra dizer-te,
Prefiro ter dor em ter menos que nada,
Do que estar sempre com medo de temer-te.

E assim, eu me despeço, em tom de calma,
Sabendo que em mim a calma não existe,
E por mais que me descanse, não há alma
Em mim que diga "não persistes"...

domingo, 20 de setembro de 2009

Desassossego,
Desinvade a minha alma de tortura.
Vai!
Encontra noutro corpo a tua cura,
No meu não.
E se tiver que dormir no meu chão,
Já não me importa,
Pois aquele lugar onde abres a porta,
Não tem mão.

Desassossego,
Vai correr por prados e verduras,
Que não chega esse meu chão que tu furas,
Com pressão.
Vai lavrar terras, tu, se te quieta.
Não me imponhas tu tão firme seta
Em coração.

Desassossego,
Deixa-me dormir se me contenta
O estar no chão.
Deixa-me fingir que não sou eu
E ser-me, então.
Perder-me tão longe dos teus braços,
Tão longe do teu corpo,
Tão longe dos teus lábios,
Tão longe do que é morto,
Não é são.

Desassossego,
Deixa-me banhar-me nua em tuas águas
Sabendo que, em ti, só verei mágoas,
Mas não me deixes ir, sozinha, em vão...
Se em ti alguma vez eu vi sossego,
Perdoa-me, agora, em ti, só há medo,
Liberta-me tu do desassossego,
Diz-lhe não.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Não quero assentar as minhas ideias
Em promessas escritas.
Não. Acabou.
Se em mim procuro ter o que me habita,
Já não sei o que demais em mim sonhou.
Mas não tenho. Acabou.
Se nas unhas permanece o que me evita,
Lavo as mãos para limpar o que restou.
Acabou.
E se um dia o recomeço me tentar,
Não me tento a que tente recomeçar
O que acabou.
E se o que me tenta é fonte de água dura
Não vou deixar que me parta a pedra mole pela loucura.
Pois acabou.
Se uma noite me procurar com desdém,
Com desdém responderei com o que levou.
O tempo levou. E acabou.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

improviso

e chove la fora e essa água que é limpa suja-me a mente, por ser água que nos limpa é a água que nos mente...
e eu não quero estar limpa do que o meu coraçao sente
ou sentiu
se sentiu...
mente-me a loucura do cansaço de nada ser por ser quem sou, por não te ter, se é que te tenho, se é que vos tenho
e o que me dói máis é a mágoa da dor que a água deixa por entrar pela janela
que fechada pede apenas para não vê-la
porque a água que me sente só me mente
e o coração, se ainda sente, é impotente
como me mente....

Febre do tempo

Agora tento recordar o tempo
Como o último receptor das palavras
Estou com ele, mas não me sinto com alento
E as palavras são demais a ser-lhe dadas.
Por baixo das nuvens choro o que do tempo não recebo,
Por achar que sem o tempo não sou nada.
Adormeço e tenho sonhos com o tempo
Que me acorda por me ver apaixonada.
E não há mais para ver senão o tempo
E com tempo não consigo a alvorada.
Estou sem norte e o meu sul não chega a tempo
De me curar desta febre amaldiçoada.