segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

É só para dizer que chorei a tua morte
Antes da ida.
E nesta cadeira onde agora me sento,
Não sei rimar.
Perdi sem quereres saber o que é no certo
A vida.
E deixei-me afundar.

É só para dizer que a outra coisa que te digo
Não pede certeza.
E a certeza do que disse não é pronta.
Já fui de criar crenças na crença
Desta fraqueza.
Muito mais que o que ela conta.

É só para dizer que mais não choro
Que o não saber rimar.
Pois vivo na fantasia de que o sei
Sem querer falar.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

"Hoje apetece-me um 'por acaso'
Ao acaso de que o tempo não se tenta.
Espera-se tentando assim que o tempo
Seja apenas o que a nossa mente inventa.
E sento-me no banco do momento
... À espera daquilo ao que chamo acaso.
É certo que não é, tal, mais que o tempo
Que nunca se pensou.
Ou que nunca foi esperado."
Já quase no nevoeiro
Se soltam gritos de fugidia brancura
A paz que de ela vem, como do frio,
Deixa-se escorrer pelos lábios
Como ar quente que se solta em disparia
De um mundo.

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

É ver as horas passar
Sem contar o tempo.
O tempo leva-o longe, o vento,
Achava querer-se amar.
Amar é longe no vento
E perto afogado no mar.

É ver as horas cair
De tempo contado,
Deixá-las querer-se matar.
É ver as horas cair,
É ver o tempo cair,
É vê-lo ir para longe com o vento
E lavá-lo afogado no mar.
Saberá o tempo do vento
Beijar o tempo do mar?
Tudo se resume a tempo:
Ao tempo que queremos ter,
Ao tempo que queremos dar.
Achando que o pensamento
Sozinho te irá lá levar,
Não é uma questão de tempo,
Mas sim de saber amar.

Já sou velha de tortura,
O que dói, sei, não vou torturar
Se sei bem que bem do tempo
Não há vida num momento,
Nem cardo para a agarrar.
E tirar vida do tempo
É fardo de suportar.
Não se vive de momento.
Acorda. Aprende a amar.