sábado, 17 de dezembro de 2011

Tocar o sol nascente onde se toca o ocidente,
E ser inteiro?
Descer até ao mundo onde o mais certo é ser-se imundo,
E ser-se inteiro?
Como ver-se nesse castelo....
Porquê tocar o sol se nunca mais ele é nascente,
Porquê descer-se ao mundo onde não há mais ocidente,
E ser-se inteiro?

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Tenho raiva ao medo que me inspira
E transpiro essa raiva ao meu sufoco.
Sou cúmplice da treva que me mira
E vejo no terror o meu conforto.

São negras as nuvens com que sonho
E levam-me a voar no céu sem vento.
Que trevas serão essas, se me imponho
Ao sonho sem sabor e ao frio sem relento?

O perto não é perto nem é longe
O longe sem querer não me é devoto.
E fico perto sem querer nesta distância que me foge,
Desse longe onde me leva este céu morto.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Fui ver o Sol nascer no Ocidente
E se tanto me embala o que assim cresce,
Será no poente que me adormeço,
Na esperança de sonhar o que lhe deste.

De nada ficará querer o sono
Se a Lua de mim foge no seu tempo.
Foi no vão amor que ficou meu sonho,
Perdido à luz do Sol no meu relento.
E se eu visse na escuridão suprema
A luz com que o meu medo te acalma,
Seria vão o Sol em tarde amena,
Seria o corpo o meu espelho da alma
Onde se mexe o tempo sem ponteiros,
Onde se afasta o sol da estrada atenta,
Seriam vãos caminhos sem roteiros,
Seria a sua caminhada lenta,
Seria a negridão de claros freios
A remar o conforto que amamenta
O frio, a cor, o toque nos meus seios
Do tu que é teu e de mim se alimenta.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Gosto de ver o Sol deitar-se cedo
Depois da multidão.
Rezam histórias que a luz
É discípula do medo,
E o escuro, da solidão.

Gosto de ver o Sol deitar-se cedo
No escuro das luzes de rua.
Não se acendem por ter gente,
Não se acendem por estar nua,
Apagam-se no seu credo.

Gosto de ver o Sol deitar-se cedo
No horizonte do futuro que se apaga.
Não há luz nas ruas.
Reza-se o medo, reza-se o escuro.
No conforto do que piso, este me afaga.

domingo, 2 de outubro de 2011

Gosto de ver o sol deitar-se cedo...

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Há já horas que tento distinguir
O quente do frio dos teus braços,
Quando estás longe.
E da luz desta chuva,
Tudo me parece cinzento.

Não dormi, para sonhar.
Fica em mim essa ansiedade de querer saber-te mais,
Saber-te mais,
Sentir-te mais,
Sem ter que rimar.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Foi ao fim do dia
Que me sentei
Por baixo de uma árvore, à beira-mar.
Já o sol gemia,
E eu tanto que esperei,
Para o mar me vir buscar.
Já nada me quer, o mar.
Contorna os meus pés,
Foge o cheiro ao meu olfacto,
Para não me molhar.
E eu?
Eu continuo à espera,
Que o mar venha,
Para me afogar.

terça-feira, 12 de julho de 2011

Fui hoje à janela
Porque me apeteceu sonhar, ao vê-la.
Sem nada mais me exigir,
Apagou-se a lua.
Quis-se fraca, para deixar o escuro
Para cada estrela
Que se apagou também, ao vê-la.

Fui hoje a janela,
E dela deixei-me cair.
Foi leve o chão, ao sentir-me pesada
Quase quase tão leve
Que senti-lo fez-me rir...
E achar que me via dela,
Sonhar-me,
Fez-me partir.

Olhei para a janela.
De dentro sorria uma luz.
Pediu-me para entrar,
P'ra nela me aconchegar,
Achando que me seduz.
Mas não:
Deixei-me ficar fora dela,
Esperando-te lá chegar.
Chamei pelo teu nome,
Não vieste.
E assim deixei de te amar.

Olhei para a janela,
Tentando dela fugir.
Chamando-me a luz dela,
Tentei, tentei, tentei subir...
Mas não...

terça-feira, 5 de julho de 2011

É como a chuva a chegar,
Ver caír a mente..
E pouco se levantar
De um sono profundo.

E escrevê-la é como tocar piano,
Num órgão de capela em tom de mundo.

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Piso o chão.
Piso o chão com a força com que fecho os olhos
Para sonhar.

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Sinto essa falta de escrever poemas ao mar,
De uma voz que me toca o pensamento.
Mais que palavras sentidas no vento,
Mais que gemidos queimados no ar.

domingo, 26 de junho de 2011

Lamento a noite.
Aquela que se sente no frio da pele,
Aquela que se sente...
E desabafos geométricos sobre as estrelas, lamento.
Aquelas que caem...
Que se desejam...
Naquilo que se sente.
Lamento a noite.

sábado, 25 de junho de 2011

Pergunta-me.
Não vou mais usar a palavra hoje
No início das frases.
Porque não é hoje,
Nem o amanhã é hoje,
Nem o hoje se toca,
Nem o hoje se vive.
Não é hoje.

Quero acordar e esquecer que o hoje foi, ou é... Não, não é.

terça-feira, 14 de junho de 2011

Tenho um segredo
Na palma da minha mão
Sempre que te toco.

domingo, 12 de junho de 2011

Vou chamar o silêncio que se entende por estar só,
Respirar no seu relento..
Vou deitar-me nas rochas do chão que me foge
E mergulhar na água que me seca,
Porque não quero.

Vou chamar o fogo que se alastra por estar vento,
Respirar as suas cinzas...
Vou partir para ver o mundo parada contra 'horizonte
E ficar a ouvir o meu relógio,
Porque não quero.

E vou chamar, num grito mudo, essas memórias,
E vou contar sem me lembrar mais dessas histórias,
Escrever o mais bonito dos poemas,
E lê-lo como quem lê vãos teoremas...
E vou ficar deitada em sonhos nessas rochas,
Como se te esperasse mergulhada nessa água onde te alojas.
Vou deixar-me queimar pelo fogo, asfixiar,
Vou partir para não deixar o meu relógio parar,
Porque não quero.

sábado, 11 de junho de 2011

Não vale a pena viver com medo
Não vale a pena viver com o mundo
Em desilusão.
Perdem-se as cores que rasgam os sentidos
E o que vai, fica perdido,
Pois ninguém lhe deu a mão.

Não vale a pena.
Não vale a pena ficar na praia
Sem querer molhar os pés.
Sentir o sol por-se no mar,
E a areia ao seu invés.

Se vale a pena
Ficar no movimento
E esquecer o momento que se pára,
Porque se sente assim o mundo em medo
E se perde em desassossego,
Quando se embala?

domingo, 5 de junho de 2011

Tentei desenhar com lápis de carvão
O meu nome na areia branca da folha de papel
Onde me afogo.
Devagar a brisa levou-me pelo chão,
Deixou o escuro arder, se fosse fogo.

Fechei os meus olhos.
Com as minhas mãos toquei, deixando sombras que se inventam.
Não sei como ficou, molhei a folha.
As lágrimas que choro não me tentam.

Tentei desenhar com lápis de carvão
O meu corpo na areia da praia onde me sinto.
Descalcei-me no vento para tentar sentir o chão.

Fechei os meus olhos.
Apagou-se a luz do sol que já se pôs,
Ao odor da maresia onde me minto.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Parece-me distante, o azul do céu.
Perde-se nas nuvens como das linhas
Onde o descrevo.
Voa bem longe, onde o mar é servo.

Parece-me distante.
Como se algum dia fosse perto o que se agarra.
Não é no calor do vento que se larga,
Não é sol.

Parece-me distante, nas luzes do deserto.
Como se o que me está longe fosse perto,
Mas distante...
Parece-me distante...

Parece-me distante este hábito constante
Que em mim prego.
Deixar-me levar na paz que me traz o desassossego,
Deixar-me ficar e ficar,
Permanecer nas loucuras que se alastram,
E guardar os pedaços que caem desta pele
Que parece distante.

terça-feira, 24 de maio de 2011

Meticulosamente cai o mundo,
Espera-se sentado à janela,
De onde se vê.
Agita-se a bolha,
Formada na espuma da chuva,
E o mar que foi já não é.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

terça-feira, 10 de maio de 2011

Quis que ficasses sem palavras,
Lá no fundo,
Só para não ter que ouvir mais que o teu suspiro,
Quando me calas.
Já não vale a pena querer ficar
No medo do medo.
As metáforas já não me salvam,
E o que vem tarde, fica cedo.

Quis que deixasses de sentir
O que há no mundo,
Só para não ter que ouvir mais que o teu suspiro,
Quando me embalas.
Já não vale a pena querer amar
No medo do medo.
As palavras já não me calam,
E o que fica, em mim o vedo.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

E se viesses pousar na minha rocha,
Pássaro sem sol?
Levarias de tudo no vento contigo
Quando voasses.
E se fosses no céu sem estrelas
E no mar sem sal?
Perguntarias tu se um dia estiveste escondido
Na minha rocha?

E se viesses deixar as marcas dos teus pés na areia,
Para que as levasse o mar?
Saberias tu deixar-me saudosa
De as ler? De as contar?

Não fazes tu pequena ideia
Que a areia que levas
Colada nas asas,
Foi feita do mar,
E provém das trevas:
Lágrimas salgadas
Desfazem-me em tempo.
Promessas escaldadas
Por sol e por vento...

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Hoje dormirei nua sobre o meu corpo
Ele não me dá alento.
Vou cair pesada, sobre a minha pele.
Hoje dormirei nua, encravada no meu peito.
Vou cair pesada sobre a cama,
Sonhar-me retida na lama,
Bem longe do meu leito.
Sentei-me na janela para escrever.
Tentei mover as estrelas que me ilustram com desdém,
Com elas cada letra se faria,
E esse céu as leria,
Como se nele fosse alguém.

Sentei-me na janela e fiz-me surda.
Não quis ouvir palavras, não quis falar.
Com elas cada angústia se faria,
E se as palavras fossem só em vão, até me ria.
Como se nelas fosse alguém.

Sentei-me na janela e respirei.
Não sei quem sou, quem fui ou quem serei,
Tentei mover as estrelas que me ilustram com desdém,
Com elas cada angústia se faria,
Como se nelas fosse alguém.

domingo, 3 de abril de 2011

Hoje acordei sem saber quem sou,
Despida de loucuras.
Nada do tempo que me atento me ficou,
E as palavras são impuras
De significado.

quinta-feira, 31 de março de 2011


Pedi um café e um copo de água
E do copo de água viu-se o mar.
Tirei foto para guardar
O sal que ficou da mágoa.

segunda-feira, 28 de março de 2011

Já não me adianta gritar suspiros pelo escuro.
Não são palavras que me socorrem.
Não, nem o vento.
Já não adianta gritar gemidos rentes à minha pele,
Por mais que neles esteja o teu nome.

Vou-me deixar sofrida em quatro cantos.
Desse meu sofrimento que me afoga,
Vou quebrar-me de letras, vou quebrar-me de fonemas,
Foi no vento o que ele levou e não me afaga.

Já não me adianta gritar que quero, se o já tenho.
Ao mais que vem do tudo, que me amansa.
São cores que as nuvens tapam na esperança,
São coisas.

Não vou olhar para trás, que o tempo é pouco.
Amanhã não estarei no meu refúgio.
E no que o tempo trás, é vão e louco.

Carente de sentidos, cá me arrasto,
Sentindo o chão agreste que me sofre...
E assim, guardando o tempo no seu cofre,
Vou limpando de mim esse teu rasto.

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Hoje cheirei o Verão.
Soube-me a trevas.
Lambi o calor do gelo
E senti-me como me levas.

Hoje cheirei o Verão
E bati com força na areia.
Puxou-me, movediça, então.
E eu presa sou bela e sou feia.

Hoje cheirei o Verão
E deixei-me afundar no Inverno.
Não sei o que o tempo me passa,
Senti-me floresta, em dia de caça,
Queimei as palavras, perdi-me no Inferno.
Queimei os cabelos no que não é terno,
Fechei-me em janelas
A olhar para o nenhum,
Cheirei o Verão,
Fechei-me no Inverno.
Mais quente.

Hoje cheirei o Verão,
E deixei-me fundir-me.
Já sinto a Primavera...
Sou eu a iludir-me.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Olha-me outra vez...
Sou frágil esta manhã. Parte-me.
Olha-me outra vez
E diz-me o que vês.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Um dia quis ser na chuva
O que resta do teu olhar.
Deixei-me perder no tempo
Por não ter onde ficar...
Fiquei na chuva.

Vou chamar da terra o mar,
Deixar-me afundar na sua areia...
Perder-me por não ser gente,
Achar que não sei falar,
Ser corpo sem raiz, que se semeia.