terça-feira, 18 de outubro de 2011

Tenho raiva ao medo que me inspira
E transpiro essa raiva ao meu sufoco.
Sou cúmplice da treva que me mira
E vejo no terror o meu conforto.

São negras as nuvens com que sonho
E levam-me a voar no céu sem vento.
Que trevas serão essas, se me imponho
Ao sonho sem sabor e ao frio sem relento?

O perto não é perto nem é longe
O longe sem querer não me é devoto.
E fico perto sem querer nesta distância que me foge,
Desse longe onde me leva este céu morto.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Fui ver o Sol nascer no Ocidente
E se tanto me embala o que assim cresce,
Será no poente que me adormeço,
Na esperança de sonhar o que lhe deste.

De nada ficará querer o sono
Se a Lua de mim foge no seu tempo.
Foi no vão amor que ficou meu sonho,
Perdido à luz do Sol no meu relento.
E se eu visse na escuridão suprema
A luz com que o meu medo te acalma,
Seria vão o Sol em tarde amena,
Seria o corpo o meu espelho da alma
Onde se mexe o tempo sem ponteiros,
Onde se afasta o sol da estrada atenta,
Seriam vãos caminhos sem roteiros,
Seria a sua caminhada lenta,
Seria a negridão de claros freios
A remar o conforto que amamenta
O frio, a cor, o toque nos meus seios
Do tu que é teu e de mim se alimenta.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Gosto de ver o Sol deitar-se cedo
Depois da multidão.
Rezam histórias que a luz
É discípula do medo,
E o escuro, da solidão.

Gosto de ver o Sol deitar-se cedo
No escuro das luzes de rua.
Não se acendem por ter gente,
Não se acendem por estar nua,
Apagam-se no seu credo.

Gosto de ver o Sol deitar-se cedo
No horizonte do futuro que se apaga.
Não há luz nas ruas.
Reza-se o medo, reza-se o escuro.
No conforto do que piso, este me afaga.

domingo, 2 de outubro de 2011

Gosto de ver o sol deitar-se cedo...