sábado, 6 de junho de 2009

No meio de uma data de sons que não me ouvem, prometo-me cantar. Finjo que nada me afecta, no calor que o frio não me faz sentir. Estou incompleta por não ser eu, não voltarei a ver o mar, não voltarei a sentir o mar bater com a espuma nas minhas canelas. Não vou gritar. Vou dopar-me com a alegria de ser triste, por a tristeza ser maior do que a franqueza. Será por não rezar que me afecta esta tortura, que me descrimina esta ansiedade que me leva à loucura, que não é loucura?? Mas a vida é dura... Finjo cantar. Ninguém nota a diferença no tom da minha voz. Não canto. Remorso-me da falta que me faço, do quanto me entreguei sem ser feroz... Mas fui feroz ao me entregar, mesmo que só com as palavras! "Palavras"! A "palavra" é proibida, não a sinto! Bebo sangue do meu corpo ao engolir tudo o que me rodeia, directamente da minha veia, sugo a alma que não tenho, que perdi, para ti, que não sei quem és. Mas não vou falar de ti, não aqui, não ali, nem acolá! Não existes. És o primórdio da insanidade mental, porque simplesmente não existes! E eu falo de ti! Típico! Não exageras na vontade que tens de me fazer feliz, como eu penso que um dia possas vir a fazê-lo, mas que digo eu, se não existes. Penso eu ter um lugar a TUA espera, mas não tens a chave para o abrir. Não seria o coração. Não seria, talvez, a minha mão. Mas a tua na minha? Não. São pequenas demais para agarrar tal responsabilidade que é a de agarrar alguém que tem a responsabilidade de me fazer feliz... Ficaria presa em mim mesma. Estou cega pela razão contrária à razão que faz quem pode ver ser cego. Não te vejo... Logo, não existes. Mais? Não. Não sou Fernando Pessoa, sou heterónimo sem razão. E escrever não me basta para viver, quando o pensamento faz tudo para que eu morra.

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