Não quis escrever poesia, de todo.
Hoje deixo-a no meu grande modo
Do não sentir, perdida.
E a rima da euforia desmedida
É o teu lema, não o meu.
Nem sequer é meu o tema, a cor, ou o céu,
E porque não quis escrever, de todo, poesia.
Tanta gente inventa, tanta gente tenta,
E eu sinto-me tentada a não tentar,
Escorrega-me a tinta na tela atenta
Do nem sequer querer pensar.
Bendito cansaço que me segura
A impertinência de me mandar mais que eu.
A minha mão é indecência pura e crua,
Guarda a demência de tudo o que é meu.
Não quis escrever poesia, não quero.
O que deixo aqui são restos de palavras.
Nem o amor, a raiva ou tudo o que é severo
Me consegue prender nessas amarras.
São vãs, caladas, e fugazes
As silenciosas presas das palavras.
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