quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Cansei-me de ver o mar sem peixes,
De nadar no seu sal e ser poeta.
Cansei-me de me perder em desleixes
Das palavras de quem diz ser vil profeta.

Estou lesa do que fui por não me ser,
E no fundo só sei qu'isso me mata,
Mas digo não me permitir mais ser
Serva daquele que me faz dizer lata.

E no fim das palavras só há espuma
Do mar em que nadei sem ser sereia...
A sereia que fui agora ruma
No longe do que em terrenos semeia.

E peço mais uma vez, não me peças
Para escrever palavras de humildade...
Ando à procura de arma que me meça,
Sem querer ou exigir serenidade...

Um dia quiseste-me ser poeta
para escrever em ti palavras soltas...
De tudo o que foi limpo, estou liberta,
Por estar presa nas ruas onde escoltas.

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