segunda-feira, 27 de abril de 2009

Sil

Conquistei, finalmente, o silêncio. Aquele que pedi quando achei que nada mais me faria falta senão sentir que só eu grito nesse mesmo silêncio. Neste momento, sou observadora de um mundo que não merece de mim melhores olhos para ser visto. Estou sentada na cadeira verde a escrever coisas das quais finjo saber o significado. Trabalhar? Trabalhar..... Era bom, se eu conseguisse pensar nisso, ou mesmo sem pensar, fazê-lo. Mas permaneço no silêncio que conquistei na esperança de o ter conquistado. As pessoas são pálidas, e invocam palavras na esperança de receber em troca aquilo que querem, mesmo que não sejam pretensiosas disso... Não sabem elas o tempo que perdem nessa invocação. Às vezes o melhor é mesmo ficar-se calado, no meio do silêncio que conquistamos.
Mas passado algum tempo, sejam dias, horas, minutos; dependendo do nível e da velocidade da carência de palavras e de barulho, sinto-me sozinha. Pensando bem, parece que nunca estive acompanhada o suficiente para saber o que é estar sozinha, mas na verdade é como me sinto.
Tenho fome.... Mas nem para isso me apetece levantar-me. Será isso preguiça? Será a conquista do silêncio uma desconquista da capacidade de economizar? Aqui, economia, é a realização de alguma actividade para sobrevivência... Enfim, neste mundo que só nos pede aquilo a que muitas pessoas podem responder, mas simplesmente porque se acham melhores noutras coisas, não o fazem...

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