quinta-feira, 17 de junho de 2010

Deixar-me de palavras, de gestos, deixar-me de tudo.
Hoje vou.
Porque o mundo deixou de me ser mudo
E proezas que ele diz, a alguém, são coisas.
Não.
Nem coisas são.
São nada.
E o mundo não me diz nada, mas deixou de ser mudo...

Deixar-me de palavras, de gestos, de tudo,
E vou hoje, calar o mundo.
Porque as estrelas já não brilham como antes,
Nem a noite nos sorri, é mais pedante.
E o que tenho do mundo? Nada
Afinal, o mundo é mudo.

Deixar-me de palavras, de gestos, de tudo.
Porque as palavras deixaram de falar e os gestos de tocar.
Porque o mundo deixou de pensar e as estrelas de brilhar.

Vou deixar-me de palavras, de gestos, de tudo.
E vou deixar o mundo, assim, mudo.
Num copo de vinho, ouvir vozes,
Num copo de água, afogar tristezas,
Num copo vazio, encopar-me.
Ninguém me beberá, nem calará.
O mundo, mudo, será surdo.
Não o ouço, não me ouve.

Infecta-me o pensamento. O mundo. E mais é mudo.

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